terça-feira, 21 de julho de 2009

Dia de Chuva


Hoje acordei insana. A tristeza me consumia e assim como eu, o dia também estava cinza. Permaneci mais tempo na cama e o sono logo bateu sobre mim. Por alguns instantes me senti leve, perdida no mundo dos sonhos e longe do turbilhão agitado do dia fora da minha mente.
Rodei a casa. Cômodo a cômodo em busca de algo que nem eu sabia do que se tratava. Um objeto? Um alguém? Falta de algo que não sabia identificar. Talvez algo que eu nunca tenha experimentado. A falta me deixava inquieta e não havia nada que eu pudesse fazer para tirar isso de mim.
Ouvi poemas, li músicas, conversei com imagens e ainda sim a falta desconhecida permanecia. Cantei, chorei, falei e gritei. Tudo que estava guardado foi exposto, aliviei meu ser e pensei em não morrer por ninguém. Tomei doses moderadas de uma alegria colorida. A chuva se formava do lado de fora e o céu enegrecia enquanto o meu ficava cada vez mais azul.
Finalmente, depois de quase um dia inteiro, a chuva deu o ar de sua graça. Caiu grossa e oblíqua sobre o chão de concreto cinza quente. Meus olhos brilharam. Encheram-se de uma molecagem infantil que queria aprontar algo nunca antes feito. Corri, abri portas e janelas. A chuva me chamava. 'Vem, vem!' - diziam suas gotas fortes.
Eu fui, corri para a rua, tomei banho de chuva. Ensopei-me toda de alegria. Um sorriso largo de criança exibia-se em meus lábios como há muito tempo não acontecia. Os pensamentos voaram longe. Meu sonho realizado. Sons, cores, frio. A falta revelou o que desejava. Desejava um vôo. Um quê inesperado de vida em plena tarde de quinta-feira cinza.
Molhei-me toda. Embriaguei-me de chuva e nela havia um pouco de você que nem sei quem é.
Adaptando palavras da Rita Lee, um belo dia ela resolveu mudar. Acordou diferente, sorriso maroto no rosto, aquele brilho sapeca no olhar e uma vontade louca de se aproveitar da criança que tem dentro de si. As idéias fervilhavam e o dia prometia ser inspirador... Brilho do sol tão forte que ofuscava a visão.
Catou um livro na estante. Clarice Lispector... Não importava o autor, queria profundidade! A mesma profundidade reconhecida em si própria e pouco aproveitada até então. Lá se pôs a escrever, criar incansavelmente... Imagens, letras, cores que enfim foram compondo um cenário mais do que importante da sua vida.
... Nasceu alí uma nova fase. Desde então ela prefere ser essa metamorfose ambulante no maior estilo Raulzinho. Pouco importa. Quem lê suas entrelinhas conhece o íntimo, do choro ao riso, da euforia à tristeza... ao Amor! Evolução visível.


"Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.


Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é…Plenitude."


(Atribuído à Chales Chaplin, mas provavelmente de Kim McMillen)


Déia

A Arte do Sentir



De tuas cores conheço pouco
Teus traços e teus desenhos
Tempo breve porém denso
Suficiente para gostar
Querer-te pra mim
E tu também queres assim
Teu muro já pichei
Minha voz já te mostrei
Ficou gravado pra sempre
Isso que tu diz e convence
Quem dera estivesses aqui: presente!
"Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre, sem saber, que o pra sempre
Sempre acaba..."


'Por Enquanto' - Renato Russo


Déia

Partida


Da partida...
Deixo-te ir
Desde que deixes aqui
Minha efêmera alegria
A parte pequena de mim que em ti havia

Que tu leves apenas as lembranças
Nossos momentos e esperanças
Aquele nosso jeito de criança
As músicas e nossa sonhada dança

Nosso momento passou
O ballet do nosso amor parou
E tanta coisa de nós aqui ficou

Um novo caminho começa
De nada adianta ter pressa
Deixa-me ir e então me sinto liberta


Déia

Sem Palavras e Nada Mais.



Sem palavras. Um aperto no peito, coração esmagado. Inquietação alegre-triste, tão incomum quanto o rir e chorar ao mesmo tempo. Não sabe ser-estar alegre ou triste, vive as duas coisas de maneira que lhe são estranhas. Não acostuma.
No exato momento de seu encontro com seus pensamentos confusos, ela chora. Suas lágrimas fluem como a correnteza de um rio. A noite que não estava fria faz o corpo dela tremer. Seria frio? Nervosismo. Está no auge do que consegue sentir em um momento único. Chora e sente ondas de tremor que invadem seu corpo como as batidas de um tambor..
Sente um enorme desejo de mergulhar em parte do que está sentindo. Arriscar sem medo do por vir. Jogar-se em direção ao incerto. Desconhecido. Livrar-se de parte do peso que ainda carrega sobre seus ombros doridos. Desconfundir-se. Mostrar-se. Valorizar-se. Milhões de possibilidades se jogam na mesa propondo as cartas do jogo que é sua vida.Rende-se às palavras.
De um lado silêncio, do outro, o amor. Confusão. Percebe-se mais nesses momentos. Enxerga suas diferenças, seu agir. Ela sabe. Ninguém mais precisa saber. Existe uma prece só sua. Desejos interiores e expectativas. Um punhado de sonhos em busca da realidade.
Sua desorganização diminui depois da euforia inicial. Cessar do choro. Invade-lhe uma alegria. Seu momento passou e agora resta que ela aproveite o que se foi em busca do que virá.
Liga o som. Coloca seu grito para fora e canta. Na música se refugia e cada nota é um pedaço de si que se recompõe. A madrugada avança. A tempestade passou. Ela dorme. Sim, amanhã é outro dia.


Ahowww
Déia